O Monte Rinjani, na Indonésia, é imponente — um vulcão majestoso com quase 3.800 metros de altitude, que atrai aventureiros do mundo todo. Com lindas paisagens, lagoas cristalinas e trechos desafiadores, sua trilha é um prato cheio para quem busca aventura e conexão com a natureza. Mas, como toda jornada épica, ela exige respeito: em junho de 2025, a jovem brasileira Juliana Marins ficou presa após cair em uma ribanceira, destacando que, para seguir com segurança, precisamos entender cada passo desse percurso.

Então, vem comigo conhecer o trajeto oficial, as dificuldades pelo caminho, os cuidados necessários — e como tudo isso se conecta com a história marcante (e trágica) de Juliana.
O traçado clássico: três dias para o topo
Normalmente, a trilha até o cume do Rinjani é feita em três dias, e segue o seguinte padrão:
Dia 1 – Partida no acampamento base, cerca de 1.150 m. A rota sobe por trechos de floresta tropical, atravessa morros e termina em um acampamento intermediário a ~2.600 m, com tempo de caminhada entre 5 e 7 horas.
Dia 2 – Subida ao cume (3.726 m) antes do nascer do sol — para assistir ao amanhecer. Cansaço, clima frio e ar rarefeito aumentam a dificuldade. Depois, descida até a Pontos de Acampamento Danau Segara Anak (2.000 m), à beira de uma lagoa.
Dia 3 – Subida leve até uma cratera secundaria, antes do retorno completo ao ponto de partida. Dura cerca de 6 horas de caminhada.
A trilha exige preparo físico, bons equipamentos — como botas impermeáveis e casaco quente — e guias experientes que conheçam atalhos, correntes e grampos reforçando a segurança.
Onde mora o perigo: raízes e ribanceiras
Mesmo em dias bons, o terreno do Rinjani é traiçoeiro. A trilha passa por blocos de pedra soltos, terra úmida e raízes expostas. Em certos pontos, sobretudo após chuvas, o solo vira lama, escorregadio. Além disso, a pouca visibilidade nas camadas de neblina é outro inimigo silencioso.
Foi justamente nesse cenário que Juliana se desequilibrou e caiu em uma ribanceira. A encosta era inclinada, com vegetação espessa e nenhum caminho claro — o que impossibilitou que guias e equipes de resgate chegassem rapidamente.
O protocolo turístico: guia, grupo e regras
Para trilhas no Rinjani, turistas devem contratar agências locais que fornecem guias certificados e carregadores. Essas operam assim:
Grupos pequenos (6–12 pessoas) para permitir deslocamento em segurança;
Guias locais obrigatórios, fluentes em inglês e instruídos em normas ambientais;
Prazos rígidos para subida e acampamento — visando limitar exposição ao frio e à altitude;
Verificação de condicionamento físico antes da saída — alguns pacotes exigem que o turista já tenha feito trilhas similares.
Caso tudo seja feito conforme o combinado, a experiência costuma ser linda, segura e inesquecível.
O que deu errado no caso de Juliana
Juliana, a brasileira de 26 anos, aparentemente pediu mais velocidade em segmento mais íngreme, sentiu-se cansada e pediu ao guia para parar. Mas acabou seguindo sozinha para buscar fotos. Nesse instante, escorregou em terreno instável, despencou cerca de 300 m — e desapareceu no meio de rochas e vegetação.
Sem sinal de telefone e sem grupo próximo, ela entrou em uma fenda íngreme em local onde os socorristas tinham acesso difícil. A busca demorou quatro dias, mesmo com drones e helicópteros, pois terreno, clima e risco de mais quedas dificultaram tudo.
Aprendizados que vêm da tragédia
Nunca se afaste do grupo — mesmo quando distraído com paisagens, guia e companhia devem estar ao lado.
Siga protocolos — além da trilha oficial, orientações e limites de tempo e velocidade existem por uma razão.
Equipamento faz diferença — lanterna de cabeça, cordas de segurança, botas resistentes e capas ajudam a evitar quedas ou facilitar resgate.
Riscos naturais são reais — chuva, neblina e sol forte podem aparecer no tempo de uma curva. Adaptar rota faz diferença.
O Monte Rinjani é um paraíso para quem gosta de aventura e natureza selvagem. No entanto, como mostrou a história de Juliana, um deslize pode custar muito caro. Para subir, é necessário preparo físico, planejamento logístico e, acima de tudo, seguir o caminho com respeito à sabedoria dos profissionais que conhecem a montanha.
Se você pretende conquistar o topo do Rinjani, lembre-se: cada passo pode ser mágico — ou perigoso. Viajar vale, mas voltar com segurança é essencial. E que a história de Juliana sirva de aviso, não de medo: aventura sim, mas com responsabilidade.