O que está rolando com Carla Zambelli? Entenda o caso e seus desdobramentos

Carla Zambelli não é um nome estranho para quem acompanha minimamente a política brasileira. Deputada federal, apoiadora declarada do ex-presidente Jair Bolsonaro e presença constante nas redes sociais e nos noticiários, Zambelli sempre dividiu opiniões. Para alguns, uma guerreira da direita conservadora; para outros, uma parlamentar que ultrapassou limites institucionais. Mas, independentemente do ponto de vista, uma coisa é certa: a trajetória dela acaba de tomar um rumo drástico.

Nos últimos meses, Zambelli deixou de ser apenas uma voz ativa no Congresso e se tornou o centro de uma tempestade política e jurídica. De acusações de invasão de sistemas judiciais a envolvimento com hackers, o caso ganhou contornos de roteiro cinematográfico. Neste post, vamos entender como tudo aconteceu, qual foi o papel da deputada e o que pode acontecer com ela a partir de agora.


O desenrolar do caso: quando o ativismo cruza a linha

Tudo começou com um hacker

A história toda começou com uma investigação da Polícia Federal sobre a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Até aí, já era um assunto sério. Mas o cenário ficou ainda mais absurdo quando foi descoberto que o hacker responsável, Walter Delgatti Neto — o mesmo da famosa “Vaza Jato” — teria invadido esses sistemas para inserir um mandado de prisão… contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Acima de tudo, o detalhe que mais chamou atenção foi que esse mandado falso continha a assinatura digital de Moraes, como se ele mesmo tivesse ordenado a própria prisão. A pergunta que ficou no ar: quem estaria por trás dessa manobra surreal?

Os indícios contra Zambelli

Contudo, a resposta veio com a descoberta de que Carla Zambelli teria contratado Delgatti para executar essa e outras ações. Pagamentos feitos via Pix, trocas de mensagens e orientações diretas teriam sido encontrados nos dispositivos dos dois, ou seja, para a Polícia Federal e para a Procuradoria-Geral da República, não havia dúvidas de que a deputada havia orquestrado parte do plano.

Bem como, com base nessas provas, o ministro Alexandre de Moraes autorizou buscas e apreensões, bloqueios de contas e a quebra de sigilo bancário e de comunicações. Em pouco tempo, a situação de Zambelli passou de preocupante para crítica.

A condenação bate à porta

Além disso, enquanto o caso do hacker corria no STF, Zambelli já enfrentava outra dor de cabeça: um julgamento por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, decorrente do episódio em que, armada, perseguiu um jornalista às vésperas das eleições de 2022. Em março de 2025, veio a condenação: 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto.

O cerco fechava, mas ainda havia mais por vir.


As consequências: o efeito dominó

A perda do mandato e dos direitos políticos

Em maio de 2025, com base na gravidade das acusações e nas condenações anteriores, a Justiça Eleitoral cassou o mandato de Zambelli. Além disso, ela foi declarada inelegível por oito anos. Isso significa que, por pelo menos duas eleições consecutivas, ela não poderá se candidatar a nenhum cargo público.

Em outras palavras, o impacto disso é imenso. Para uma figura que construiu sua carreira dentro da máquina política, perder o foro privilegiado e o poder de articulação é mais do que uma derrota jurídica — é um golpe no próprio projeto político.

Fuga e pedido de prisão

Com a cassação confirmada e os processos em andamento, Zambelli deixou o país em maio e foi para a Itália, alegando perseguição política. No entanto, a Procuradoria-Geral da República não viu com bons olhos sua saída e solicitou à Justiça um pedido de prisão preventiva e a inclusão do nome da deputada na lista de procurados da Interpol.

O argumento é claro: há risco de fuga definitiva e tentativa de obstrução de Justiça. Agora, Zambelli corre o risco de ser presa fora do país e extraditada para o Brasil.


Quando o discurso esbarra na realidade

Definitivamente, o caso de Carla Zambelli é um retrato poderoso do atual momento político brasileiro. Ele mostra que, mesmo em um cenário de polarização intensa, existem limites que não podem ser ultrapassados. Invadir sistemas judiciais, manipular dados públicos e tentar desacreditar instituições não são estratégias políticas — são crimes.

Além disso, a deputada, que por tanto tempo se colocou como guardiã da moralidade pública, agora enfrenta um processo que pode marcar o fim definitivo de sua carreira política. As consequências não são apenas individuais. Esse episódio serve de alerta para toda a classe política: o uso do mandato como escudo para ações ilegais está com os dias contados.

Acima de tudo, isso é mais do que um caso isolado, a trajetória de Zambelli mostra o preço de misturar ativismo político com práticas que ferem o Estado de Direito. E, ao que tudo indica, esse preço será cobrado na Justiça

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